Sobre o Atari 2600

Conheça a trajetória de um dos consoles mais importantes de todos os tempos

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Sobre o Atari 2600
Projeto "Stella"
Em 1973, um ano após a criação da Atari Inc., a empresa comprou um grupo chamado Cyan Engineering. O objetivo do novo braço da empresa seria fazer pesquisas quanto à próxima geração de videogames.

Os engenheiros passaram a trabalhar num projeto chamado "Stella" (nome referente à bicicleta de um dos engenheiros), um novo videogame que revolucionaria toda a recém criada indústria dos jogos.

Enquanto o projeto se desenvolvia, Nolan Bushnell, fundador da empresa, percebeu que a Atari Inc. não teria verba suficiente para produzir seu console no tempo hábil, tendo que vender a Atari para a Warner Communications, por 28 milhões de dólares, com a promessa de que o projeto Stella seria concluído o mais rápido possível.

Um ano depois, em outubro de 1977, o projeto Stella foi lançado nos Estados Unidos sob o nome de Atari Video Computer System. Custando 199,95 dólares, o console era caro para época, e suas vendas não passaram de 250 mil unidades até o final de 77.

Mas o Atari VCS tinha uma promessa: mudar todo o conceito de videogames, a partir dele os consoles não seriam mais limitados a um conjunto de jogos pré-programados, como os fliperamas ofereciam. O Atari rodava jogos em cartuchos de memória ROM, o que aumentaria tanto o consumo de jogos que novas empresas seriam criadas e formariam uma indústria produtora de jogos do sistema. O projeto Stella e o sonho da Atari Inc. criaram vida, e as expectativas com o novo console eram grandes.

Com isso vale especificar de onde vem o nome do amado console e sua empresa. Em Japonês a palavra Atari vem de “ataru”, que significa “acertar o alvo”. O termo atari é comumente usado quando alguém acerta uma resposta ou ganha na loteria.


Atari Video Computer System
O Atari VCS é um videogame muito simples se o observamos com os olhos de hoje. Com 128 bytes de memória RAM, e um processador, 8 bit, de 1.19 MHz o console era poderoso para sua época.

Os jogos, programados em Assembly e armazenados em cartuchos de memória ROM, eram disponíveis em duas versões, NTSC e PAL, comumente referidos como verão Americana e Européia, respectivamente.

Como o Console não possuía memória de vídeo, as imagens teriam que passar pelo processador para serem apresentadas. Aproveitando o fato de que o videogame seria ligado a uma televisão, a Atari utilizava um método de apresentação das imagens revolucionário para a época. A CPU iria atualizar as imagens uma linha de cada vez, o que fazia com que o processador armazenasse apenas alguns bytes, relacionados aos próximos pixels da imagem.

O console americano vinha com dois joysticks, os controles clássicos, chamados CX40, e dois paddles, controles como minivolantes, chamados CX30. Além dos controles, um adaptador para as televisões e o jogo Combat acompanhavam o Atari VCS.

Já a versão brasileira, lançada em 1983, vinha apenas com os dois controles clássicos e o jogo Missile Command. Além dessa mudança, o console brasileiro não possuía o famoso detalhe em madeira da frente do videogame, esse detalhe foi substituído por um plástico preto.

Oito jogos foram às lojas junto com o console:
Air-Sea Battle
Basic Math
Blackjack
Indy 500
Star Ship
Street Racer
Surround
Video Olympics

Com o tempo diversos controles periféricos foram lançados para o Atari, como o volante, usado no Indy 500 ou o Kid’s Controller, usado para os jogos da linha infantil.



A Ascensão
O Atari VCS já era um sucesso no final dos anos 70, mas um grande fliperama ofuscava seu brilho. Space Invaders foi lançado em 1979 e obteve sucesso instantâneo. A Atari logo conseguiu os direitos para o game e, em janeiro do ano seguinte, Space Invaders para Atari estava disponível nas lojas. O console que, no final de 79, havia rendido 200 milhões de dólares, em 1980, conseguiu mais de 400 milhões.

A Atari percebeu o quanto os chamados “ports” (Portabilidade: Jogos de uma plataforma sendo lançados em outras. Por exemplo: versões para Atari de jogos de fliperama) davam lucro, portando a empresa passou a investir nas poderosas franquias do mercado, como Asteroids, Missile Command, Berzerk e Pac-Man.

Aprimorando essa ideia, começou a se investir em jogos baseados em grandes sucessos do cinema, como Riders of the Lost Ark (Os Caçadores da Arca Perdida)e E.T.

Em 1982 a Atari lançava seu segundo console propriamente dito, o Atari 5200. Para criar um modelo de nomenclatura, o antes chamado Atari Video Computer System agora seria Atari 2600.


A Queda
Em 1981 quatro programadores da Atari/Warner, David Crane, Larry Kaplan, Alan Miller e Bob Whitehead saíram da empresa e criaram o que seria a maior rival da Atari, a famosa Activision. A Activision passou a lançar jogos que foram para o topo nas vendas de cartuchos, como Pitfall!, River Raid e HERO. Esse fenômeno fez com que diversas outras empresas surgissem e passassem a lançar títulos próprios para o console. Dessa maneira surgiram Imagic, Parker Brothers, Coleco e muitas outras.

Esse crescimento da indústria parecia ser muito bom para os consumidores, que teria vários jogos para escolher. O único problema é que começou uma produção desenfreada de títulos medíocres, onde a quantidade falou bem mais alto que a qualidade.

Em meados de 1983 o Atari 2600 já não tinha mais tanta força no mercado, com lançamentos criticados pelo público como Pac-Man e E.T. e empresas como a Coleco e a Mattel lançando seus próprios consoles, o 2600 começava a cair. Com ele, toda a indústria dos jogos entrou em colapso, o que resultou na quebra e na saída de diversas empresas do ramo, como a própria Coleco, que abandonou o negócio de videogames.

Em 1985 a indústria voltava a se erguer através da Nintendo e seu Nintendo Entertainment System, o famoso NES. A Atari tentou se reerguer, lançando mais jogos para seu console que, mesmo sendo vendido a menos de 50 dólares, e com uma cópia de Pac-Man, não conseguiu vencer o poderoso Nintendinho.



O Legado
Os dias do 2600 como líder do mercado dos games podem ter acabado, mas o console sempre estará vivo na história dessa indústria que ajudou a criar, e que hoje é maior que a do cinema.

Graças à diversos sites, comunidades e o sentimento de saudosismo, a cultura do Atari se manteve por gerações. Diversos jogos ainda são criados todos os anos, não pelas grandes empresas do ramo, mas por fãs que mantém viva a história do console.

Não é difícil vermos grandes leilões na internet, com jogos raros que podem valer milhares de dólares. Um ótimo exemplo é o caso de um americano chamado Harv Bennett que, em novembro de 2012, encontrou em sua casa uma cópia CIB (Completa na caixa) do jogo Air Raid, o jogo foi a leilão e rendeu mais de 30 mil dólares.

A memória do Atari 2600 não está viva somente graças aos fãs, temos muitas empresas lançando, atualmente, jogos do antigo console para diversas plataformas. A Activision é um ótimo exemplo disso, com seu aplicativo Activision Anthology, que reúne clássicos do console para serem jogados em smartphones como iphones e celulares com android. Outro exemplo é a própria Atari que, em parceria com a Microsoft está relançando títulos de sucesso para serem jogados em qualquer navegador que suporte HTML 5.

Por fim, vale lembrar que em 2009 a IGN nomeou o Atari 2600 como o segundo maior console de todos os tempos, com a citação “O console que fez com que toda nossa indústria se formasse”. O primeiro lugar ficou para o console que conseguiu desbancá-lo o NES.



Redação: João Victor Martins
Tags: Console